segunda-feira, 6 de junho de 2016

Tratado sobre a Água


Em todas as religiões o elemento água concentra em si um misto de mistério e fator criador. Sua essência mantém a vida, a purifica ou a destrói. Na mitologia judaica as primeiras criaturas a andarem sobre a criação foram a Leviatã que era fêmea e governava as águas e Behemoth que era macho e governava as porções de terra.

A primeira responsável pelos diluvios, mas também pelo ciclo eterno das águas. Enquanto Leviatã dormisse no berço das águas profundas a humanidade estaria salva. Nas terras Vikings o Leviatã tomava para si o nome de Jörmungandr, uma serpente que se enrolava ao redor do mundo e mantinha o mar o calmo e contido.

Não diferente de suas irmãs judaica e nórdica, na Austrália encontramos também a Serpente do Arco-Íris, cujo mito se liga à água e a criação, tanto quanto à destruição. O eterno ciclo se perpetua na passagem das águas e no circular das serpentes no imaginário coletivo.

Em diversos ritos orientais antigos, a água tem uma função na sagração dos reis. O poder que o rei recebia não era apenas político. Era o de ser representante da divinda-de para o povo. Nos ritos antigos a entronização se encontra à alusão à água da vida. Dava-se de beber ao rei essa poção de água da vida e ele era ungido e mergulhado (bati-zado) em águas lustrais. Por esse rito passavam faraós do Egito, os reis da Mesopotâmia, os príncipes da Índia e os mandatários de diversas tribos africanas”.

Na magia, a água, como os cristais, mas em menor grau, é conhecida como um agente armazenador de alguma energia, portanto é muito utilizada em solarizações e lunações, de maneira que a poção ou a pessoa que a ingere possa também absorver os elementos que a água absorveu.

Da mesma maneira, Dion Fortune comenta que as vítimas de ataque psíquico deveriam se manter longe da água, por esse ser o elemento chave da mentalidade. No tarô a carta do psiquismo é a Lua, conhecida por sua influência nas marés e também nos estados psicológicos humanos.

A Água, conforme Mircea Eliada, é o início de tudo e precede qualquer criação, elas suportam todas as formas e suas potencialidades, ainda que seja líquida e sem forma. Ela é o princípio fundamental do “pode vir a ser”, a vida quando ainda está em sua fase inicial semi-existente. A água é o símbolo vivo e mitológico do Gato de Schrödinger que está e não está vivo.

Os experimentos vibracionais com a água demonstram essa sua qualidade adaptadora. Quando exposta aos discursos de Hitler ela se tornava caótica, mas quando exposta a sinfonias de Bethoveen a água se adequava a formas conhecidas na geometria sagrada. Essa sua característica se reflete em nossas emoções que são liquidas e não sólidas, podendo se alterar como as fases da lua.

Dentro do panteão oriental, a água é ligada no Islamismo ao anjo Jibra'il, ou mais tarde como seria conhecido: Gabriel.

No Ritual Menor do Pentagrama; Gabriel segura um cálice às costas do mago, ao Oeste. O Oeste na mitologia Grega é representado por Flavônio, que é simboliza o vento favorável, que traz consigo o cheiro das flores e a chegada da primavera.

Na mitologia chinesa Xi Wangmu é a Rainha Mãe do Oeste, uma deusa feroz que possui o segredo da vida eterna e a chave do Paraíso. Apesar disso, é uma deusa temperamental (como a água?) que envia maldições ao mundo. Como Idunna do panteão nórdico com suas Maçãs Douradas e a Serpente do Jardim do Éden com seu fruto da vida eterna, Xi Wangmu possui um pessegueiro que a cada três mil anos da vida a um único pêssego que encerra em si o segredo da vida eterna.

Nos cultos do Fogo do Senhor do Lar praticados pelos Hindus-Védicos datados de 2000 a.C. eram acesos três fogos, sendo que a chama que se punha à oeste era chamada de Este Mundo, Essa terra. Curiosamente, segundo a tradição Jibra'il/Gabriel seria o mais sensível dos anjos, tão compassivo para com a humanidade, que na busca pela espiritualidade ele seria o primeiro anjo com quem o homem entraria em contato neste mundo, nessa terra.

Da mesma maneira que água era vista como link primordial com o divino, ela também constituía um elemento sagrado, que alinhado a outros fatores como locais de altos índices magnéticos, criavam fontes de cura. Muitos casos parecidos são relatados através da história e dos mitos, sua importância era tão acentuada que boa parte dos templos foram construídos ao redor ou nas proximidades de águas milagrosas.

Na pré-história a água era adorada a partir do ponto em que brotava e da mesma maneira que a doença era crida como um castigo, a ingestão da água era uma benção, sendo a sua imediata solução. Seus atributos foram profundamente utilizados pelos romanos e árabes, que valorizavam os banhos públicos que foram amplamente utilizados, até a Idade Média onde foram considerados culto ao corpo e demonizados.

Apenas na Irlanda já foram notificadas mais de 3 mil fontes consideradas sagradas. Seu significado divino foi se perdendo com o tempo, mas não o seu potencial transmutador, foram transformadas em termas e jardins hidrominerais, agora sendo pontos turísticos para aqueles que buscam algum descanso para o corpo.

Desde os primórdios pagãos da humanidade a água é o veículo primo da pureza espiritual e mantém sua essência através do mito e das tradições católicas do batismo. Sua essência mágica está eternamente guardada na famosa água benta, cujos poderes se assemelham às seculares fontes sagradas e ao mito medieval da Fonte da Vida.

Sabendo agora tanto sobre a água, não é surpresa que o seu cerne ainda exista na tradição cristã-católica, apenas com uma conotação mais sagrada, já agora a chamamos de Àgua Benta.

Na atualidade a água sagrada ganhou rótulos específicos, sendo necessário um tipo de cerimônia e fonte especifica para cada tipo de água benta, conforme as crenças do Adepto. Na tradição hindu, a fonte, a pessoa que a prepara e o mantra que é entoado altera o quão sagrada é a água e o quão efetiva será no que ela será aplicada.

A utilização mais comum da água benta nos meios mágicos é a sua qualidade exorcista. Seu elemento principal é uma vasilha de metal (para fins condutores) e um aspersor de madeira ou metal. Na Clavícula de Salomão é possível também o uso de um pote de barro, já que na época em que foi escrita a maior parte dos utensílios do homem comum eram feitos de barro.

Na idade média os utensílios católicos eram feitos de estanho, assim como as vasilhas de água benta. Posteriormente foi feita a conexão entre o estanho e Jupiter, com suas propriedades curativas, que testadas em laboratório fariam bem a diversos órgãos do corpo desde que ingeridas em pequenas quantidades. (Obs: Ainda acredito que o cobre seria um elemento mais apropriado, usando-se da lógica da confecção as varinhas mágicas.)

Nessa mesma época a água era ainda aspergida como hissopo, uma planta com efeitos de limpeza conhecidos, já que era usada para a limpeza de templos de leprosos.

A água deve ser preferivelmente retirada de uma nascente (limpa) ou mineral. Coloque a água no pote de: barro, estanho, cobre, bronze ou chumbo envernizado e salpi-que sal grosso (devidamente exorcizado). Após jogar o sal na água recite os Salmos 102, 54, 6 e 67.
Podem ser entoados mantras, utilização de mudras e também de ervas. O famoso Anis estrelado é uma erva exorcista muito conhecida para limpeza astral de ambientes.

Algumas correntes comentam a respeito da água pranificada, que seria feita através da movimentação da água entre uma vasilha e outra e então guardada em um galão magnético. Esse galão pode ser substituído por um cantil de metal.

Bibliografia
O espírito vem pelas águas: a água e a espiritualidade ecumênica, Marcelo Ramos.
Mitos Da Água
Do Olimpo a Camelot: um panorama da mitologia europeia
Mitologia Simbolica: Estruturas Da Psique E
Auto-Defesa Pisquica – Dion Fortune
Eddas – Edição Penguim
Tree of Lifes
Saúde Holística
Os minerais e sua magia

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